sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os altares dos pastores satãnicos.

Constroem altares para louvarem a sí mesmos e expulsam de suas igrejas todos aqueles que não copulam com seus filhos em rituais de adoração satânica e não mantém como verdades os seus preconceitos.
São quadrilheiros que por não terem brilho próprio roubam a luz da Palavra da Verdade.
Arvoram-se guardiões do Maná da Vida de onde origina o Espírito Verdadeiro da Sarsa Ardente de Moisés mas são apenas ladrões e salteadores que entram pelas janelas da casa da Deus na escuridão de suas vidas. Muitos assassinaram inocentes e agora se dizem portadores da Palavra de Deus.
Matam o Espirito vivificador da Palavra de Deus pois usam os textos sagrados para engano do simples fazendo com que suas mentiras sejam vendidas com a aparência de Verdade.
Usam a Palavra para justificarem o seu ódio contra os mais frágeis e manipulam o sentimento e o pensamento dos mais simples em favor de seus próprios prazeres e com o único fim de engordarem as suas contas bancárias.
Contróem altares para a adoração de sí mesmos. São canalhas travestidos de mestres que por ignorância e preguiça esquecem a História da Humanidade e a importância da ciência para a evolução do homem e ensinam os seus estúpidos preconceitos. São os falsos pastores das mentiras ditas nos altares para roubarem os dízimos e as ofertas do Senhor e comerem com suas prostitutas.

REVELAÇÕES ESPIRITUAIS RENOVADAS

Revelou-me o espirito Santo em oração sobre o engano dos filhos da Grande Prostituta que se reúnem com as pequenas meretrizes mas seguem o preceito de sua mãe, a Grande Vaca de Chifres. Mamam em suas tetas e dizem sim para os seus Concílios e Sínodos. Amamentam os seus filhos e filhas com o leite que sorvem das tetas da Grande Meretriz Enganosa.
Mataram no passado, muitos inocentes dizendo que Deus não habitava nele, enquanto que era em seus filhos que ejaculavam o sêmem do Grande Satã que do céu foi jogado para a perturbação dos homens que se deixam enlevar pelos seus cantos e cantorias em altares dedicados ao falso Deus.
A Ele foi dada a chave do inferno onde existem milhares de lugares reservados para os mestres da mentira e dos falsos dízimos e ofertas enganosas. Para os falsos pastores de ovelhas cegas que se alimentam de óvulos não fecundados que se despregam do útero da Grande Besta que está no Vaticano.
Reservado para Satã, o Grande Dáimon deste Mundo, estão os altares das igrejas emporcalhadas pela mentira e pela falsidade que os falsos pastores pregam de dia e de noite, em seus micro-fones de masturbação eletrônica.
O altar do engano de onde clamarão com grande alarido os seus louvores às suas meretrizes dos quatro cantos da terra.
Nos seus Congressos, Convenções e Seminários estes pastores de Satã, masturbam-se entre-si, pervertendo a verdade em mentira e tecendo louvores uns aos outros em troca do sêmem e das fezes do Divino Satã que louvam em suas igrejas entregues ao pecado.
Inventam falsos testemunhos de como deixaram os prazeres enquanto que em seus corações perpetram a maldade. Não suportam as pessoas verdadeiras e as expulsam de seus templos que converteram em moradias e lavanderias onde extendem suas roupas manchadas pela menstruação das meninas virgens que estupram em rituais ao Deus Dagon com os pênis enlameados das fezes dos filhos que criam por debaixo dos altares.
Não permitem, e sentem ódio daqueles que tentam louvar, o verdadeiro louvor a Deus Jeová, em seus altares construidos unicamente para a honra de sí mesmos.
Fornicam em seus filhos o ódio e perpassam a maldade aos seus herdeiros.
A sua herança será a maldição eterna.

O CÚ DA PASTORA

A pastora do demônio
tá com o pinto do demônio no cú.
a pastora do demônio
tá no altar de Dagon
com o cú na mão
a pastora de satã tá com o pinto na boca.
Satã subiu no altar de Deus
comeu a pastora de Dagon.
Aleluia à Dagon
que está no altar das igrejas de Dagon.

FICHA 2020A ANÁLISE DA AUTORA A PARTIR DA FALA DO ENTREVISTADO.

"Não dá para ignorar as associações e o que existe por detrás das categorias duais: passivo-ativo, limpo-sujo, correto-errado, pênis-ânus. Invertendo a ordem para melhor refletir a contraposição dos órgãos pênis/ânus a partir das funções fisiológicas para as quais foram criados desconsidera de inicio a dupla utilidade do primeiro que pode servir não só para o ato sexual e a ejaculação em sí, mas constitui parte do aparelho uninário. Sistemáticamente quem faz do ato de defecar algo sujo e, portanto, exclui a possibilidade do órgão responsável por essa função ser utilizado como fonte de prazer são os próprios homens que imbuídos de determinados valores tentam manter sob controle a sexualidade e a capacidade humana de obter o prazer"(p.:38-39).


"Na base da tradição sexual cristã encontra-se a associação do sexo com a procriação e a vinculação do desejo e do prazer sexuais com o pecado. Tais relações expressam claramente a tentativa dos teólogos e autoridades eclesiásticas em separar a sexualidade e a função reprodutora do prazer que a relação em sí pode proporcionar aos parceiros sexuais. Nunca é demais lembrar que o predomínio desta forma de controle da sexualidade humana se reproduziu por vários séculos e que foi só com o desenvolvimento científico, particularmente com a medicina, que surgiu um discurso "laico" sobre o sexo"(FOUCAULT,1990) (p.:39). 
Obs: No texto publicado não há referência Na Bibliografia à obra de Foucault.

Ficha 2020 - MACHADO, Maria das Dores Campos.

MACHADO, Maria das Dores Campos. Conversão religiosa e a opção pela heterossexualidade em tempos da AIDS. Notas de uma pesquisa.Rev. Sociedad y Religión. n°14/15.Buenos Aires. 1996.
Acesso em : 27/04/2.012
"Eu queria usar algo que me foi dado. Se me foi dado o pênis eu quero usar ele e quero usar de forma correta... na época do homossexualismo eu era passivo, nunca tinha usado aquilo que eu possuía. do mesmo jeito, se me foi dado um ânus para defecar, eu quero só defecar, porque ele foi feito para isso. E é o direito que eu tenho sobre ele... Ele foi projetado para isso, ele não foi projetado para outra coisa."(p.:38) 

terça-feira, 24 de abril de 2012

CARTA PARA MINHA AMIGA.

É uma pena que você não tenha disposição para comentar as minhas observações.


Não vou tirar conclusões apressadas quanto a isso pois tenho certeza de sua postura científica e de pesquisadora consciente de seu papel de educadora na sociedade.

Só quero lembrar que esta opinião diz respeito à profissional que você é, e que nossas opiniões podem divergir inclusive quanto ao papel e o lugar que o sagrado e divino ocupam em nossa sociedade e em nossas vidas, mas não podemos deixar isso influenciar em nossa amizade e em nosso trabalho.

Pessoas de baixo nível cultural, que possuem poder e dinheiro vão estar, assim como sempre estiveram ao longo da história da humanidade, julgando, condenando e executando intelectuais e pensadores somente por suas idéias e quanto a isso não podemos fazer muito.

Não tenho medo de morrer por defender minhas idéias, sei que morrerei um dia se não por esse fato, mas como resultado natural da existência e quanto a isso não posso fazer nada. Muitos outros sofreram por sua forma de ver o mundo ou mesmo morreram por suas idéias, Sócrates teve de beber veneno em sua condenação à morte e não sou nem um pouco melhor que ele.

Uma coisa que fique clara: As idéias são as idéias e as pessoas estão o tempo todo mudando de idéia.

O opressor de hoje já foi oprimido antes e pode muito bem voltar a ser a vítima no futuro. A nossa história está cheia destes fatos.

Os cristãos que perseguem os homossexuais hoje já foram perseguidos e mortos no passado e isso não impede o fato histórico de voltarem ser perseguidos no futuro por um poder totalitário que poderia usar este comportamento atual como justificativa.

Em Uganda a Igreja Pentecostal está pedindo no Congresso daquele país a pena de morte para gays e de prisão perpétua para a família destes. Penas severas para quem emprega e aluga ou negocia com gays (7 a 10 anos de prisão). E no entanto são evangélicos e louvam a uma certa divindade que acreditam ser o Deus verdadeiro.

Então estas posições são só idéias.

Hoje estou defendendo esta tese o que nada garante que poderei no futuro mudar de opinião.

Sinta-se à vontade para expressar sua opinião. Não se cale. Não tenha medo daqueles que podem até matar a carne. Mas são impotentes para salvar sequer as suas próprias almas do lodo em chamas do inferno. Para lá irão muitos pastores e ministros do evangelho e satanás está regozijando com tudo isso.

Que Cristo Jesus o Mestre do amor nos dê Paz para podermos enfrentar as dores destes últimos dias.



Abraços.





quarta-feira, 4 de abril de 2012

Meu poema

meu poema não fala
meu poema cala
cala por não falar da vida
cala por não falar da motosserra que mata
do machado que fala afiado no caule da árvore dilacerada no cerrado.

No meu poema a nuvem queria falar
mas a fumaça da queimada tomou-lhe o ar
a jaguatirica e a capivara
queriam falar
o macaco prego e a anta amigos da cotia
queriam falar
mas mandaram calar
eles falam de mais disseram os cretinos da direção

Minha poesia não fala.

Virulência

Não quero amar já que o amor mata
quero amar mas o amor mata
mas o ódio também mata
a raiva também mata
o rancor também mata
a fome também mata
a bala perdida também mata
o abalo também mata.

Diferente

Você nunca foi igual às outras
você sempre foi diferente
era mais que uma menina ruiva
com cabelos cor de fogo
era estranho ver o preto dos teus olhos
outros dias era amarelo e assustava
mas quando te via eu mais te amava

Nas tuas sardas estava escrito
me ame que eu te amo
meu mundo menino cabia todo dentro do teu coração
era feliz dentro dos teus olhos amarelos
que pareciam oceanos de águas quentes
então tudo acabou quando te vi dentro daquela caixa
indo embora para sempre.

Só para anjos


Sou menino sim
daqueles grandes
que perdeu a infância
dentro de mim
tem um enorme jardim
cheio de brincadeiras embrulhadas pra presente
é só procurar
desembrulhar
montar e brincar.

Sou menino, sim
dentro de mim
tem um rio
bom de nadar
tem vara e anzol
tem peixe que se deixa pescar
tem menina também
com olhar de quem diz
sou difícil de amar
mas que quando beija
coração pula tanto
que haja esperteza
pra ninguém notar.

Dentro de mim
vive um menino sem medo de amar
menino levado e sapeca
de vidraça quebrar
menino anjinho falso
com dedinho pequenininho
que aponta pro céu quando fica feliz
sorriso maroto de anjo barroco
sem medo de amar.

Sou menino sim
dentro de mim
tem outro menino fácil de amar
é só olhar e pra casa levar.
Mas não esqueça de pagar.


Vejo tudo

Vejo tudo, garota
já não somos mais os mesmos
sei que nunca prestamos
nunca cremos um no outro
sempre fingimos
fugindo de nossos sentimentos
de nós mesmos.
Nunca prestamos
por isso vá agora
você merece alguém
que te ame
vá, garota
vá enquanto o dia ainda brilha
enquanto a noite não chega e revele seus defeitos
vá, garota.

Deus e totem

quero te amar
foder teu anus
te futricar
jorrar esperma
em teu dilacerado
recôndito anal
e na sonoridade dos teus gritos
no desespero dos teus gemidos
provar o gosto do teu sêmen
adorar teu falo
como deus e totem
intumescido.

Nosso amor era forte

nosso amor era forte
todo mundo via
mas no mundo tem maldade
o amor nem sempre vence a guerra
como num jogo de cartas marcadas
um dia tudo desabou
tudo o que era sonho
como num sonho ruim os monstros saem do túmulo
para nos assustar em noite de escuridão
num instante a chuva fina vira tempestade
destruindo os castelos de areia que fizemos na praia

Tente juntar nossos pedaços no ar
mas vidro quebrado não não se pode colar
desculpe, garota
pelo conto de fadas mal contado
Alice já não vive mais no país encantado
nossas crianças não têm onde viver
não temos mais para onde ir
meus beijos já não são doces como antes
agora somente consolam olhos cansados
não tenho mais a quem abraçar
e o mar já não existe
não há motivos pra sorrir
o oceano secou e o jardim não floriu mais
o inverno chegou ao meu coração
não tem mais jeito
não tenho mais o coração no peito.

Teu néctar

Quero beber do teu néctar
espalhar teu cheiro
pelos meus pelos
navegar na tua boca
descobrir cada detalhe de teu corpo desnudo
sobre a cama nos lençóis abertos ao vento
dos vendavais.

Venha amado meu
mergulhe em meu oceano
caminhe sobre a relva de minha pele
faremos amor sobre as nuvens
na tempestade de seus olhos morreremos.

Com meus lábios guiarei teu corpo
afogaremos nossas dores nos oceanos de águas doces
dos teus beijos
então no caule de tua flor
acharei as delícias do meu amor.

devolva-me
devolva já
minha alma roubada
porque já sinto o frio da tua ausência.

Queime-me

eu suplico
por favor enrosque em meus braços
os seus abraços
e beije-me
e queime-me
com sua língua.
O fogo que tenho na alma
me devora por dentro
queima minhas entranhas estranhas
dilacera o peito
e só as águas do seu sexo
acalmarão o desespero do meu desamor.

Beije-me com tua face
deixe-me beijar tua alma
então em minha escuridão
talvez encontre a paz que não tenho
nos lábios que beijei.


Poema de cú sujo

minha hemorroida
clama por vingança
clama por um cu novo
um cu crú
minha hemorroida
essa delinquente crente caliente
ensandecida,
clama por um cu
não posso comer pimenta
nem de cheiro
nem malagueta
talvez nem vá a Espanha
visitar Granada
lá tudo tem pimenta
lá cu já vem com pimenta
meu cu não aguenta
tanta pimenta.


Beije-me

beije-me enquanto existo
em breve serei apenas espuma do mar.

Sou Yanomamy

não sou brasileiro
não sou índio
não sou daqui
não sei de onde venho
não sei o que faço aqui
não sou tupi
não sou karitiana
não sou pajé
não sou daqui
não sou ashaninka
não sou kashinawá
não sou karapaná
nunca fui a mucuripe
não sou Yanomamy
não há quem me ame
não sou indio
não tenho alma
trago um buraco no peito
num peito pankará
da Serra do Arapuá.

Sou fazendeiro
ladrão de madeira de indio
de ouro do indio
de cassiterita do indio
da terra do indio
é que quero ser indio
mas indio por dentro
e isso não posso
porque não passo
de canalha branco.




poemas de amor

poemas de amor
somente os tolos
sabem fazê-los
somente os tolos escrevem bem
poemas de amor
somente os tolos
amam.

rimando remando com amando

quero rimar
não vai
não rima
quero fala de rima
de mar
de amor
de lua
de luar
mas não adiante
a palavra luta
não sai
uma guerra inglória
batalha contra exército morto.

ordeno à palavra morta
que morra
mas ela não se move
não corre
não sai
não vai
não anda
não cai.

E o poema alí
encruado
feito galinha mal cozida
feito você que não sabe se me ama ou ama outro
feito frango morto
esquecido em cima da mesa em dia quente de verão.

pedra de atiradeira

meus pés doem
como se tivesse andado
milhas e milhas
em pedra de muralha
em pedra quente

meu estômago queima
como se tivesse
comido o diabo
mas ele nem bonito é
não é sequer atraente
a ideia de comer o diabo
só minha hemorróida me lembra
que comí algo que fez mal


os poetas


leminski era curitibano
drummond era mineiro
cecília poetava ligeiro
eu adoraria ser baiano
para enlouquecido
se você me olhasse
eu pudesse dizer que era poeta

amor é amor

amor é amor
quando tá ajuntado
porque tudo junto
se escreve separado
e separado se escreve ajuntado

tem certas coisas que se entende
mas não faz o menor sentido
como ficar ao seu lado
sem passar despercebido.




vidro onde guardo agulhas

já que você abriu
nosso frasco de segredos
guarde suas mágoas
junto com as agulhas
que guardo
no vidro de agulhas
que guardo de lembrança
das alfinetadas de levei de você.

Nosso amor nunca foi perfeito
nossa vida sempre foi como as agulhas
que guardo no frasco de vidro de agulhas
que guardo em cima da estante da sala
para que sempre que me sento no sofá
onde fazíamos amor todas as tardes
enquanto o televisor estava ligado
para que sempre me lembre do mal que você me fez
das agulhas que você deixou espalhadas pela casa
das contas que você deixou por pagar
da descarga no banheiro que você nunca usava
guardo todas as lembranças que restaram de você
no frasco de vidro de guardar agulhas
elas são para machucar
e lembrar do quanto você não presta.


quem me odeia


a quem me odeia
quero que queime
a quem me odeia
reservo a mágoa 
dos crocodilos famintos
aos que me odeiam
não espero que me amem
quero que queimem
no inferno dos idiotas.
Queimem.

Menino mal.

menino mau
roubou meu doce
tirou minha paz
sossego e alegria
não tenho mais
só teus olhos me olham
morro a cada lágrima
já que não tenho tua atenção.

para vestir quando não se tem roupa nenhuma

quero que saibas que beijo bem
quero que saibas que teu beijo
não me caiu bem
de encanto nada tem
quero que percebas
minha falsa felicidade
triste e cinzenta
rouba meu carnaval
a fantasia de palhaço
que sempre usei
agora tirei
acabada a festa
não tenho mais fantasias
restam os beijos teus

Palhaço sem circo
circo em chamas
sem graça e sem espetáculo
acabou a festa alheia
acabou o carnaval
voltei de terno e gravata.


Éden

entre as flores
te encontrei
no campo te busquei
mas os meninos
não deixaram
você jogar futebol.

s meninos não são da rua.

Os meninos de rua
são os donos da rua
escura
com beco
parede fria e nua
do beco escuro
o menino escuta
o homem execução fria
a ferro e fogo
o menino no carro de fogo
que foi ao céu
jogou o manto
outro menino
esquecido na terra
agora tem cobertor
para o frio da noite vazia.

Aquele menino é aquele homem
que manda e fala alto
que torce o braço
de quem não obedece.

Atira e mata
na noite fria com a cara espremida
na parede fria
do beco escuro
onde morre o menino
sem pelo e sem pele
sem amor
sem pena
sem pluma
sem alma
sem cama
perdido na noite fria e nua.


Assalto sem sucesso.


fiquei lá
estendido
nú no chão
enquanto o assaltante
foi embora
com sua arma
no calção.

Navio Negreiro

O negro negrume
da pele
habitas como tinta
estendida
no chão da sala
na podridão da cela.

O negrume da pele
a força máscula
dos músculos
marca o púbis
que baila impúbere
diante dos meus olhos
negros como a noite sem lua.


Desejo

querer o impossível
dos teus lábios
beber mel
se tens somente fel
sois infiel
apenas um beijo
me resta de resto.
Mas o pecado mora ao lado
num bonde chamado desejo
e eu apenas
um estranho no ninho.


Notícia de Jornal.

Valquíria é um anjo de mãe
vive feliz sua metáfora
seus filhos Maria e José
são flores que enfeitam
o jardim do agreste sertão da fé.
Mas ao nascer do sol chegou
Lurdes trouxe consigo um rebento
olhos pequenos
azuis de anís
vida que se inicía
para ele olhos
só tem a avó
beijos e bocas
para Lurdes e seu filho.

Valquíria sentiu que morreu
e em seu suplício de morte
anula a dor do ciúme
com sua mão forte
rouba o suspiro infante
mata o menino
que lhe roubara
amor materno alheio.
Com o corpo inerte
corre sul e norte
e no lixo da rua escura
esconde o frágil corpo
arroxeado pela morte.

A dor que ninguém vê
só Valquíria sente
o povo irado se vinga
do sangue inocente
matando a mãe da morte
derramando o sangue mais forte
salpicando de vermelho
o azul escuro da noite.

Valquíria está morta
flutuando vagueia pela noite
buscando seu menino
entre defuntos infantes
com seu manto branco manchado de sangue
num vôo noturno emplumado
virou fantasma delirante

nas noites de lua
todos dizem que vêem
Valquíria voar de véu
flutuando chorando
lágrimas de sangue
manchando a lua no céu.