sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tenho observado que os grupos que se dedicam aos estudos são bem diferentes entre sí em alguns aspectos apesar de se manterem algumas características próprias do publico em geral. Mesmo as pessoas que não professam uma religião quando debatem um perfil que nem sempre é o que têm em mente como o de um publico religioso. As adequações vão acontecendo com o tempo. A comunidade vai internalizar a idéia de que a instituição educacional tem as suas singularidades e particularidades que vão sendo captadas pelo corpo acadêmico e atendendo a demanda cada vez mais abrangente por educação da sociedade na qual estamos inseridos. Os problemas tendem a se resolverem e as soluções se mostrarão claras com o tempo.
E ainda observo que os grupos têm singularidades interessantes em suas características próprias. Ou seja, que onde a presença dos religiosos é mais marcante, também se faz atuante a presença de pessoas que pensam de forma não tão ortodoxa como seria de se esperar contribuindo assim para uma diversidade de idéias o que é saudável para a construção dos saberes necessários para a educação. As opiniões são bem claras e definidas logo defendidas com mais paixão e é neste sentido que se percebe mais claramente como uma parcela singular da sociedade pensa e enfrenta as divergências aos seus pontos de vista.
Achei muito interessante alguns comentários feitos no contexto das discussões e mereceriam um outro critério de observação e provavelmente não teriam a relevância que as primeiras adquirem para a formatação da idéia que podemos desenvolver com respeito ao futuro profissional de educação superior. É neste sentido que desejo comentar os temas abordados, pois acredito que poderemos construir uma educação muito mais inclusiva e humanizada em todos os setores.
Percebo há uma preocupação entre os colegas com o que chamam de valores que, segundo a opinião destes discursos estão sendo abandonados pela escola. Alguém lembrou então o caso de um professor que foi expulso de uma escola particular porque descobriram sua homossexualidade. Alguns acham que o referido professor sofreu preconceito enquanto outros concluíram que a escola agiu bem quando demitiu o professor, afinal de contas, segundo o discurso de alguns, as crianças “poderiam aprender” com o professor e “se transformarem em homossexuais infantis”. Outra colega disse que os gays são responsáveis pelo que ela chamou de “libertinagem na escola” enquanto que alguém acrescentou que mais uma vez, os gays são responsáveis pelo fato de muita gente morrer de câncer nos hospitais públicos, pois com a liberação do governo para que se atenda no setor publico as operações de mudança de sexo (os gays querem cortar o pênis, segundo a fala da colega), muita gente morre sem atendimento.
Achei os comentários um tanto quanto comprometidos para acadêmicos que se candidatam a ser professores e que pretender exercer a função de educadores e tendo em vista que a professora concordara com o fato de que os valores estavam “perdidos”, argumentei que na atual conjuntura não seria a perda dos valores em sim a construção de novos valores que poderíamos analisar.
Discordo que estamos perdendo a referencia de valores morais e éticos e sim o que estamos vivendo, como já aconteceu muitas vezes na história da humanidade, o que percebemos é um processo de humanização dos valores e das referencias de juízo o que de certa forma alguns setores da sociedade tem mais dificuldade de assimilar com naturalidade. Na Idade Média, por exemplo, queimava-se na fogueira pessoas que segundo o que se acreditava, faziam sexo com demônios e anjos. Hoje ninguém seria acusado de tal proeza e muito menos condenado a ser queimado vivo em praça publica por afirmar que fez sexo com alguma forma de anjo. No máximo seria apontado como louco ou doido. Tá doido, ta doido.
Outro exemplo de mudança de valores é o que acontece nas nossas igrejas evangélicas quando bandas louvam usando guitarras elétricas, violões e baterias, instrumentos que não a muito tempo eram consideradas formas demoníacas de fazer musica. A televisão era vista por pastores como um aparelho do demônio, crente não podia ver tevê e o que percebemos hoje é que os pastores mais conhecidos pelo publico são aqueles que pregam em seus programas na televisão. Alguns são até donos de redes de televisão, de rádio, coisas há pouco tempo atrás considerado uma heresia para o povo evangélico.
Então posso concluir que não há uma imoralidade na sociedade em que vivemos pelo contrário o que podemos observar é que estão acontecendo eventos que contribuem para a construção de uma nova sociedade, uma nova moral e uma nova ética que se adapta melhor para esses novos tempos que são de esperança e de humanidade. Creio plenamente no potencial do homem pós-moderno e acredito que estamos muito mais próximos de Deus quando humanizamos o nosso relacionamento interpessoal e com o mundo que nos rodeia. Tanto a escola quanto as demais instituições que giram ao seu redor, tais como a família, o governo, as igrejas, etc.; estão muito mais tolerantes, inclusivas e produzindo um novo homem.

Foto: Marti Jamsa, Série Summertime, 1994.

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